quarta-feira, 27 de maio de 2009

Caderno de Poesias 2 - Pobreza, desigualdade social

O Bicho
Manuel Bandeira

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.




NÃO HÁ VAGAS
Ferreira Gullar

o preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite.
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores, está fechado:
"não há vagas"

Só cabe no poema
o homem sem estômago a mulher de nuvens
a fruta sem preço

o poema, senhores, não fede
nem cheira

4 comentários:

  1. Toca muito o coração'E quem diz qe é ridiculo é pq naum vê o mundo la fora e pensa qe ta tudo bem ....Tenho 13 anos'Estudo numa escola particular e estamos fazendo um trabalho sobre isso!algumas figuras qe pegamos são tocantes...e neim parece qe existe mas infelizmente existe sim!é a realidade do planeta! eu achei muito tocante,isso realmente acontece!

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