quarta-feira, 27 de maio de 2009

antologias dos ex alunos




Os alunos que se formaram no ano de 2007 tiveram como trabalho a seleção de uma antologia poética temática. Confira aqui alguns dos títuulos escolhidos por eles:

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O Menino Azul


(Cecília Meireles)


O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.

O menino quer um burrinho
que saiba dizero nome dos rios,
das montanhas, das flores,
- de tudo o que aparecer.

O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.

E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.

(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Rua das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.).

**** Poesia selecionada por Cássio****

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A Vida

(Mario Quintana)
Mas se a vida é tão curta como dizes
por que é que me estás lendo até agora?


**** Poesia selecionada por Gabriel Turella****

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GERAÇÃO PAISSANDU


Vim, como todo mundo,
do quarto escuro da infância,
mundo de coisas e de ânsias indecifráveis,
de só desejo e repulsa.
Cresci com a pressa de sempre.

Fui jovem, com a sede de todos,
em tempo de seco fascismo.
Por isso não tive pátria, só discos.
Amei, como todos pensam.

Troquei carícias cegas nos cinemas,
li todos os livros, acreditei
em quase tudo por ao menos um minuto,
provei do que pintou, adolesci.

Vi tudo que vi, entendi como pude.
Depois, como de direito,
endureci. Agora a minha boca
não arde tanto de sede.
As minhas mãos é que coçam –
Vontade de destilar
depressa, antes que esfrie,
esse caldo morno da vida.



Paulo Henrique Britto

**** Poesia selecionada por Giulia****

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LIBERDADE



Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...


Fernando Pessoa

**** Poesia selecionada por Pedro****

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Flor deserta
Léo Nogueira

Minha flor desabrochou depois do tempo
Veio um vento violento e trouxe chuva
Ela só viveu por que há flor que vive
Sem ter vida, sem ter água, só de sol

Minha flor sem cheiro é de cor amarela
Não é feia, nem é bela, é só desdém
Minha flor ta num jardim de erva daninha
Não é rosa, nem é minha, é de ninguém

Flor sem pétala, sem polem e sem nada
Antes fosse vidro, plástico ou papel
Nesse chão, que não escolheu, enrraizada
Não é fácil, não é fértil sob o céu
Sob o céu

Essa flor que vive dentro do meu peito
Não é livre, nem é presa, é ilusão
E, por não caber dentro de mim direito,
Dei um jeito de por fim nessa canção


**** Poesia selecionada por Clara****

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Hino nacional
Drummond

Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás as florestas,
com a água dos rios no meio,
o Brasil está dormindo, coitado.
Precisamos colonizar o Brasil.


O que faremos importando francesas
muito louras, de pele macia,
alemãs gordas, russas nostálgicas para
garçonetes dos restaurantes noturnos.
E virão sírias fidelíssimas.
Não convém desprezar as japonesas...


Precisamos educar o Brasil.
Compraremos professores e livros,
assimilaremos finas culturas,
abriremos dancings e subvencionaremos as elites.


Cada brasileiro terá sua casa
com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
salão para conferências científicas.
E cuidaremos do Estado Técnico.


Precisamos louvar o Brasil.
Não é só um país sem igual.
Nossas revoluções são bem maiores
do que quaisquer outras; nossos erros também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...
os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...


Precisamos adorar o Brasil!
Se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens,
por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão
de seus sofrimentos.


Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,
ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós!
Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?

**** Poesia selecionada por Caio****

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O mundo é grande


O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

Carlos Drummond de Andrade

**** Poesia selecionada por Renata****

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